
Cheguei em casa, joguei a chave e a bolsa no sofá e fui tomar meu banho. Não tinha comido nada, mas não fazia importância, ninguém ligava. Eu era bem sucedida, tinha um ótimo carro, e ganhava muito bem. Meu apartamento era grande e eu vivia sozinha, mas eu tinha um cachorro, o Bob, o que ele faria sem mim. Nesse dia, decidi me arrumar, não queria que os poucos que me vissem me olhassem e dizem que eu estava mal vestida, não, isso não. Sempre me vesti muito bem, todos elogiavam minhas roupas, as invejosas, é claro. Minha vida sempre foi perfeita, sempre tive tudo o que quis. Desde pequena, eu era muito mimada, melhor do que todas as outras meninas, mas elas tinham uma coisa que eu nunca tive. Meus pais, nunca paravam de brigar, e era por isso que eu tentava sempre superá-las,mas eles me amavam, me davam tudo o que eu pedia. Pensava que tinha tudo, até completar meus 20 anos. Indo pra faculdade, conheci um cara. Seu nome, Fernando, idade, 18 e com a pura intenção de me arruinar. Começou assim, ele se fazia de difícil, sabia que eu não resistia a um desafio, e de repente eu dei o bote: Chamei ele pra jantar, e ele aceitou. Três noites depois, ele estava morando na minha casa. Nunca fiz isso antes, mas eu estava apaixonada, não tinha nada pra fazer. E foi assim por longos 3 anos. Eu me rachava de trabalhar de manhã, as seis horas voltava pra casa, arrumava a bagunça que ele fazia, pois ficava jogado o dia inteiro em casa e as sete ia pra faculdade, e ele na farra, com o meu dinheiro, saindo com outras mulheres. Nunca desconfiei dele, até que um dia pequei ele com outra. Chutei ele pra fora de casa e prometi esquecer essa crápula. Hoje, seis meses depois, concluí minha faculdade, estou trabalhando há cinco meses, e descobri que ele me passou a perna. Recebi uma promoção, iria trabalhar na Inglaterra, e me lembrei que meus pais me deixaram um dinheirinho no banco. Não era tanto assim, só 20 mil reais, mas era o suficiente para eu me manter lá por uns dois meses, mas, ao chegar no banco, descobri que o desgraçado do Fernando me roubou todo o dinheiro. Tentei explicar isso pro meu supervisor, mas ele disse que ele tinha que escolher uma outra pessoa. Chorei, chorei muito, ele me fez perder a maior chance da minha vida. Não tinha mais nada, além de roubar o meu dinheiro, ele roubou minha dignidade também. Sempre tive tudo o que eu quis, e dessa vez eu não consegui o que queria. Pensei na vida, e percebi que não tinha ninguém. Só na hora da tristeza é que se percebe isso. Eu não tinha significado mas pra nada, as únicas pessoas da minha vida eram meus pais, que já morreram. Foi pensando nisso, que coloquei a melhor roupa que eu tinha, subi no parapeito da janela e me joguei de uma altura de mais de 20 metros. nem senti o baque, só a escuridão.
Dentro de sua caixa do correio, uma carta de seu supervisor que dizia " Me desculpe pelo transtorno, pagaremos suas despesas na Inglaterra, não podemos te perder. Não desista por favor, Marcos"
2 comentários:
Parabéns pelo conto, ótimo e bem escrito.
http://modoamodo.blogspot.com/
Postar um comentário